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Quarentena: identificar e gerir sintomas de ansiedade e seus efeitos psicossociais

Atualizado: 6 de jun. de 2023

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que vivemos atualmente uma pandemia do novo coronavírus, chamado de SARS-Cov-2, sendo a quarentena a medida mais eficaz para combater a propagação do vírus. Uma revisão sistemática atual de vários estudos, (Brooks, et al., 2020), sobre o impacto da quarentena em estudos anteriores, reportaram a existência de efeitos psicossociais negativos nas pessoas, incluindo sintomas de stress pós-traumático, confusão e raiva, além da ansiedade.

Reportando-nos a um estudo realizado em Toronto, em 2003 com pacientes em quarentena que contraíram Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), associado a um coronavírus identificaram sentimentos de solidão, medo, tédio, raiva e de preocupação sobre os efeitos da quarentena e da possibilidade de contágio aos seus familiares e amigos. Também neste estudo foi relatado o quão negativamente pode afetar as pessoas que contactam com pacientes em quarentena devido ao medo de poder contagiar a sua rede de contacto próximos, familiares, amigos e colegas. A incerteza, a instabilidade emocional e o estigma associado a estes temas demonstraram uma grande predominância em todos eles.


De um modo geral, foram identificados como principais factores stressores: o desconhecimento da duração da quarentena, o medo de serem infetados, frustração, tédio, os suprimentos e informação desadequada, perdas financeiras e o estigma social associado a pessoas infetadas ou que tenham estado, de certa forma, em contacto com o vírus.

Como tal, a identificação cuidada de tais stressores e normalização do seu impacto, o quanto for possível, são recomendações imprescindíveis nesta fase. Para além dos stressores, é importante que a ansiedade seja entendida pelas pessoas como uma resposta normal face à situação atual e como tal algumas perguntas sejam respondidas:

  1. Uma pessoa sem um diagnóstico de Perturbação de Ansiedade, pode vir a ter nesta situação atual?

  2. Como podemos identificar?

  3. Quais os sintomas?

Sentimentos como medo, dúvida/incerteza, culpa, mobilizam a ansiedade como resposta. A ansiedade, nesta situação, tem por base um dos instintos mais básicos: a sobrevivência (segurança). Perante a existência de uma ameaça eminente existente (contágio) é normal que pessoas mesmo que nunca tenham experienciado ansiedade de forma exacerbada, comecem a senti-la de forma mais intensa e frequente na sua vida. Tal poderá ser identificada pela existência de sintomas físicos, nomeadamente palpitações/taquicardia, tensão muscular, perturbações do sono, suores, entre outras ou, de sintomas cognitivos, traduzida por pensamentos/imagens negativas recorrentes e persistentes, acompanhada por um medo de perder o controlo.

Tomar consciência da existência desta resposta como algo normal face à situação de vivemos, identificando os seus sinais e mobilizando um conjunto de medidas que permitam gerir emocionalmente esta situação são fundamentais e imprescindíveis neste momento. É assim recomendável que sigam as medidas dadas pelos orgãos oficinais, como a DGS e a Ordem dos Psicólogos Portugueses, no sentido de o ajudar a gerir emocionalmente esta situação.

E não se esqueça, ao cuidar de si estará a cuidar de todos nós!




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