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O Que é a Perceção Auditiva? Qual a sua relação com a aquisição e desenvolvimento da Linguagem?

Atualizado: 6 de jun. de 2023


O desenvolvimento das competências auditivas está intimamente ligado com as experiências auditivas da criança nos primeiros anos de vida, que são fundamentais para que a criança atinja níveis satisfatórios de perceção da fala.

A perceção auditiva é considerada a capacidade para receber e interpretar a informação que chega aos nossos ouvidos, através das ondas de frequência audível transmitidas pelo ar ou outro meio. Esta competência auditiva inclui a receção da informação periférica, a transmissão dos sinais das diferentes células pilosas para os diversos núcleos auditivos até chegar ao núcleo geniculado medial do tálamo dessa informação e a elaboração da informação auditiva que é enviada aos lóbulos temporais.

A perceção auditiva abrange diferentes fases, tais como: deteção, que se define como uma competência mais básica que permite detetar e localizar um objeto que produz vibração, movimento e intensidade; discriminação, que é considerada por vezes um conceito sinónimo, mas que se relaciona na perceção da diferenciação de um som específico (ruído ambiental, fala) entre outros sons diferentes; a identificação ou reconhecimento ao som que ouvimos (ex. som do galo ou voz de um amigo específico ou som/R/); compreensão, que implica dar um significado àquilo que estamos a ouvir (ex. uma campainha indica que terminou uma aula).

Mas desde que altura é que o bebé começa a desenvolver as suas competências auditivas? e de que forma estas competências influenciam na perceção dos sons da fala e sua consequente aquisição?

O bebé apresenta, desde cedo, sensibilidade para as propriedades da fala, iniciando-se no período de gestação, dando preferência a sons linguísticos em detrimento dos sons não linguísticos (meio ambiente). À medida que o bebé vai tendo contato com a sua língua materna, a sua perceção vai-se especificando, na medida em que se revela capaz de processar os estímulos linguísticos. Este processamento decorre destes mecanismos percetivos que permitem que o bebé, desde muito cedo, possa analisar, tratar a fala, reconhecendo de forma inconsistente as caraterísticas abstratas da língua, como a identificação e ordem das palavras (sujeito,verbo,objeto); a categoria e função das palavras, as relações morfossintáticas (concordância verbal e nominal), bem como propriedades pragmáticas. Dessa forma, a perceção específica destas caraterísticas linguísticas promove a aquisição da língua.

Vários investigadores na área referem que a relação entre a capacidade percetiva do bebé com a sua língua materna proporciona a aquisição de unidades e padrões mais complexos da língua, dependentes do conhecimento linguístico como também de capacidades de atenção e aquisição de padrões alternativos que se revelam diferentes dos da língua materna.


Esta relação revela-se fundamental, funcionando como preditor do desenvolvimento da linguagem em fases posteriores do processo de aquisição. Dessa forma, estudos indicam que bebés com boas capacidades percetivas dos contrastes fonéticos da língua materna mostraram ter um melhor desenvolvimento linguístico posterior.


Nesse sentido torna-se essencial avaliar , desde cedo, a capacidade auditiva periférica do bebé, fundamental para a aquisição e desenvolvimento da linguagem, em todos os seus domínios.




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