As circunstâncias da vida, por vezes, exigem de nós mais do que aquilo que estamos preparados para enfrentar.
Determinados acontecimentos têm implicações significativas no nosso estado emocional e são capazes de interferir com aquilo que perspectivávamos, até então. Aqui, cabem muitos acontecimentos e circunstâncias possíveis e certo será que o diagnóstico de uma doença física pode perturbar a estabilidade que, até ao momento, se achava assegurada.
Em particular, as implicações de uma doença crónica podem ser numerosas, desde a alteração das rotinas pela exigência dos tratamentos ou cuidados necessários adicionais e que passam a ter de ser conciliados com todas as outras rotinas prévias habituais de gestão laboral, familiar e pessoal; ao surgimento de sintomas da doença ou secundários aos tratamentos, ou mesmo de sequelas permanentes que implicam um ajustamento e a procura de uma nova forma de viver com as adversidades, que se juntaram num caminho da vida que não estava previsto.
E, sendo que a previsibilidade nem sempre está presente, surge a carga acrescida de lidar com o desconhecido.
Alguns planos são adiados indefinidamente ou reorganizados. Ressignificações vão, por vezes, surgindo, descobrindo-se um novo olhar sobre o próprio, os outros e o mundo.
Uma doença crónica pode ser grandemente invasiva e desafiar muito das nossas capacidades. É um processo que ultrapassa a reorganização do dia-a-dia para uma reorganização interna que, mesmo oscilando no processo dinâmico e natural de transformação, pode ser alcançada.
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