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"Ter a mania das doenças"

Hoje venho falar-vos de hipocondria, que se define como sendo uma perturbação mental caraterizada pelos indivíduos acreditarem firmemente que têm ou que terão uma doença grave, estando em estado constante hipervigilância e procurando sintomas físicos que o comprovem. A hipocondria está muitas vezes associada a estados de ansiedade.


O diagnóstico da hipocondria costuma ser difícil, uma vez que o indivíduo tem uma crença bastante significativa de que tem uma doença ou que se passa alguma coisa de grave com a sua saúde, sendo difícil convencê-lo do contrário. Portanto, esta confrontação com a realidade da sua situação leva tempo, devendo existir uma relação de confiança entre o indivíduo e o profissional de saúde (psicólogo ou psiquiatra) que fará o diagnóstico.


Deste modo, é importante destacar alguns comportamentos frequentes e de risco que podem apontar para indícios desta perturbação:

  • Preocupação excessiva com a saúde;

  • Generalizações excessivas e erróneas (e.g., doer a barriga e achar que tem cancro no estômago);

  • Análises frequentes ao próprio corpo com o fim de descobrir algo de anormal;

  • Autodiagnósticos com recurso ao “Dr. Google”;

  • Idas constantes a consultas para realizar exames que comprovem a teoria de que tem determinada doença;

  • A preocupação acerca dos sintomas interfere no funcionamento normal do seu quotidiano;

  • Acreditar ter uma doença por ter ouvido falar na televisão, rádio, etc. – pode, até, sentir os sintomas físicos, mesmo quando os médicos e os exames não comprovam a doença;

  • As pessoas mais chegadas começam a desacreditar quando a pessoa se queixa, visto ser tão frequente;

  • Ter um stock significativo de medicação em casa e/ou na carteira, levando-o para todo o lado.


De facto, esta perturbação pode influenciar negativamente os vários contextos do indivíduo, quer a nível familiar, profissional e social. Desta forma, é importante que o círculo de pessoas próximas reconheçam a gravidade da situação - o indivíduo não tem a "mania das doenças", mas tem sim uma perturbação mental e deve procurar ajuda.


E qual é o tratamento mais indicado?

Como já referido, o tratamento deverá começar pela construção de uma relação terapêutica positiva e sólida entre o paciente e o profissional de saúde, por forma a diminuir a resistência à mudança do modo de pensamento e a fomentar-lhe uma consciência do problema.

A Terapia Cognitivo-Comportamental está indicada para este tipo de perturbações, tendo como objetivo perceber que fatores potenciaram o desenvolvimento desta perturbação, trabalhar as crenças, os padrões de pensamento e, consequentemente, o comportamento. Poderá haver a necessidade de complementar com medicação (ansiolíticos e/ou antidepressivos) num momento inicial, dependendo do caso, por forma a estabilizar a situação.

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