Houve, juntamente com o processo de expansão tecnológica ocorreu uma grande alteração na forma como comunicamos e nos relacionamos no quotidiano: tudo é mais rápido e fácil. Basta um clique e estamos ligados ao mundo. Basta um segundo e estamos conectados ao outro. E, a verdade é que não podemos fugir à tecnologia e a este novo modo de comunicar, pois ele veio para ficar. É conveniente que nos ajustemos a ele, até porque nos pode trazer benefícios. As redes sociais têm um papel ativo até em termos profissionais, sendo um recurso importante na forma como as empresas se relacionam e comunicam com os seus clientes.
Para além disso, trouxeram outro aspeto ótimo, que é a possibilidade de as pessoas se manterem em contacto, de forma mais simples e rápida, mesmo estando longe ou passado muitos anos, permitindo-nos contactar e reviver velhas amizades. Sim, e esta é uma das grandes vantagens das redes sociais. Facilmente comunicamos estando a milhares de quilómetros de distância. Sem dúvida a tecnologia tem este aspeto muito positivo.
Todavia, nem todas as consequências são positivas, pois esta forma de comunicação acrescentou também um vazio, o que até pode parecer contraditório. Contudo, a socialização e o contacto direto foram gradualmente substituídos pelas conversas online. Isto faz com que aparentemente estejamos rodeados de pessoas quando na prática estamos sozinhos e fechados no nosso mundo.
Nos jovens, o impacto parece ainda maior. Têm-se observado dificuldades no relacionamento interpessoal e na socialização, tendo havido uma perda de competências nesse domínio. Por exemplo, no campo amoroso e afetivo, quando existe interesse em se aproximar de alguém, usar a via online parece mais fácil, contudo, depois surge a dificuldade em fazer esta aproximação numa situação real.
Estas competências de socialização encontram-se muitas vezes diminuídas, sendo que, as interações “via redes sociais” acabam por reforçar a manutenção destes comportamentos de isolamento. Nesta população é comum haver uma rede social com muitos “amigos”, mas na realidade, esse jovem está muitas vezes isolado.
Por outro lado, pode igualmente ter um efeito negativo quando induz nas pessoas um sentimento de inferioridade, motivado pela comparação que é feita entre aquilo que cada um tem e aquilo que é observado nas redes sociais. O que pode causar mais stress e agravar quadros depressivos. A imagem que vemos nas redes sociais é sempre de alegria, festas, férias, entre outros. É um mundo que não corresponde à realidade, pois no mundo real os problemas existem, não estamos sempre bonitos e arranjados, discutimos com os outros...
Para quem se sente só e tem problemas de autoestima ou até depressão, as redes sociais podem ser um fator de agravamento de sintomas. Nesse sentido, surge também a pressão para se ser como as pessoas que lá se observam, para vestir de igual modo ou fazer umas férias parecidas.
Assim, é preciso ter alguns cuidados e bom senso na utilização das redes sociais e lembrarmo-nos do seguinte proverbio: “Nem tudo o que brilha é ouro”. Porque na realidade cada um escolhe o que coloca nas redes socais e a imagem que quer transparecer aos outros.
Catarina Lucas
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