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De uma gorda para o mundo - testemunho


De uma gorda para o mundo

Parece que ultimamente o mundo abriu os olhos para uma nova realidade:

Os gordos!

Somos uma nova espécie, sempre existimos, mas cada vez somos mais e mais confiantes, mais seguros.

O nosso objectivo: invadir o mundo.

Pois, ridículo não é?

Sim, a obesidade é uma doença.

Sim, ser gordo condiciona-nos bastante a vida.

Sim, ser gordo frustra-nos, entristece-nos, cansa-nos.

Sim, ser gordo não é fácil e não podemos culpar ninguém por sermos assim:

Somos reféns da comida, do sofá e da história encantada do «começamos a dieta na segunda-feira».

Mas ser gordo não quer dizer que não amamos e nos amamos.

Mas ser gordo não quer dizer que apenas sobrevivemos. Nós vivemos!

Oh sim, é extremamente desconfortável, chegarmos a um café ou restaurante ou qualquer outro sítio onde haja cadeiras e sofás e ser arquiteticamente impossível sentar lá o rabo.

Oh sim, é extremamente chato, entrarmos numa loja e as pessoas ficarem a olhar para nós como se acabassem de ver um elefante.

Oh sim, é extremamente enervante, quando as pessoas insistem em dizer que somos incrivelmente lindos, pena sermos gordos.

Pois!

Parece que beleza é tamanho.

Mas para surpresa de muitos, nós, a tal espécie nova apesar de tudo isso, também sabemos ser felizes!

O gordo faz coisas extraordinárias para além de comer.

Oh e não se deixem enganar, a maior parte de nós adora comer. É um dos maiores prazeres que temos.

Mas o gordo também gosta de sexo e tem prazer com isso.

O gordo também gosta de dançar, de cantar.

O gordo também salta e ri. Chora, grita, dá gargalhadas e murros nas paredes.

O gordo enerva-se, ama, odeia.

O gordo sente!

« Os gordos são engraçados mas a maior parte das vezes é para encobrir a sua tristeza e as suas dificuldades. O humor é para esconder a depressão de ser gordo.»

Esta declaração deve ser a mãe de todas as tretas!

Eu sou gorda e naturalmente divertida, geneticamente engraçada e o meu humor sarcástico é seguramente da minha personalidade não do meu peso.

Quando se perde peso, perde-se gordura, e não carácter.

Afinal podemos ocupar mais espaço no planeta, mas não é por isso que ele anda mais pesado!


(Por Sara Ana Macedo Afonso)

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