A ajuda psicológica é procurada muitas vezes quando estão presentes sentimentos de tristeza, desmotivação, desesperança, angústia, choro fácil e isolamento. Estes sentimentos e comportamentos são muitas vezes fruto de pensamentos que se assumem maioritariamente como negativos. Significa isto que as pessoas que se sentem desta forma apresentam maioritariamente uma visão negativa sobre o mundo, o futuro e também uma visão negativa sobre si próprias.
A terapia cognitivo-comportamental carateriza-se precisamente por trabalhar a relação existente entre pensamentos-emoções-comportamentos. Desta forma, percebemos que o facto de nos sentirmos tristes e de consequentemente não nos envolvermos em comportamentos saudáveis ou positivos, relaciona-se com os nossos pensamentos, isto é, a forma como estamos a pensar. Ora vejamos: se pensar que não vou conseguir falar com o meu chefe pois tenho dificuldade em expor as minhas opiniões, emocionalmente vou-me sentir ansiosa e a nível de comportamento provavelmente vou evitar a situação, de tal forma que ela não se irá resolver. Se apresentamos uma visão negativa ou pessimista sobre quem somos, o que fazemos, ou o que nos rodeia, iremos provavelmente sentir desmotivação e não enfrentamos os problemas.
Mas porque pensamos negativo?
É aqui que entra o passado. As nossas experiências de vida podem condicionar pela negativa (e pela positiva também) o nosso presente, quando as mesmas não são reconhecidas e trabalhadas. Vamos imaginar uma pessoa que teve pais muito rígidos, perfecionistas, onde a falha era constantemente apontada e os elogios eram escassos. Esta pessoa será em adulta alguém que pode apresentar insegurança no local de trabalho pois questiona frequentemente os colegas se fez tudo bem. Adicionalmente perante um reparo inofensivo de um chefe, poderá pensar que “Nunca faço nada de jeito” e que “Os outros conseguem, mas eu não”, gerando uma cadeia de pensamentos cada vez mais negativos, podendo mais tarde originar uma depressão. O que levou esta pessoa a ter pensamentos tão negativos perante um comentário tão inofensivo? As amarras do passado!
A ajuda terapêutica torna-se importante para ajudar a pessoa a compreender a sequência destes factos, perceber de onde vem a voz depreciativa ou negativa que reside dentro de si. A partir deste momento, o pensamento deve ser trabalhado através de estratégias indicadas, no sentido de ser mais flexível, ponderando outras formas de pensar sobre um mesmo evento, mais realistas e libertas do passado. A pessoa aprende a equacionar outras perspetivas e também a defender-se com frases facilitadoras de um maior bem-estar “Desta vez não me sai tão bem, mas na maior parte das vezes fica tudo em condições”.
É importante identificar a “voz interna” que existe dentro de nós, compreender que ela é bastante influente na avaliação que fazemos de nós e do mundo que nos rodeia e a “mandar calar” a apreciação negativa que ela veicula.
Diana Fonseca - Psicóloga Clínica
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