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Amo-te mas...não te desejo!

Atualizado: 21 de mai. de 2020





Uma das queixas mais comuns entre os casais é a diminuição do desejo sexual, ou até mesmo a sua ausência. Isto é vivido, tanto pela pessoa que não sente desejo como pelo outro elemento do casal, com muita angústia e sofrimento. Por um lado, temos a pessoa que sente essa ausência de desejo e culpa-se por isso, ou acha que tem um problema e, por outro lado, temos o companheiro ou companheira que cobra essa falta de desejo ou de envolvimento sexual e acaba, muitas vezes, a acusar o outro de já não gostar ou até de poder estar interessado noutra pessoa, o que aumenta ainda mais o sentimento de angústia e culpabilização.


Até há alguns anos, acreditava-se que o desejo era espontâneo e que tinha sempre que ocorrer para que pudesse existir o envolvimento sexual. Todavia, esta ideia começou a ser redutora e parecia não explicar na totalidade a resposta sexual, sobretudo na mulher e nas relações de longa duração.

É nestas relações longas que surgem as maiores queixas de diminuição do desejo sexual e é também neste contexto que surge o conceito de desejo sexual responsivo. Este refere-se a um desejo que surge não de modo espontâneo, mas sim como resposta a um estímulo ou investimento do/a parceiro/a. Ocorre quando, mesmo não existindo um desejo inicial ou espontâneo, a pessoa, consciente e deliberadamente responde ao estímulo sexual e se envolve numa atividade sexual, sendo que o desejo surgirá já simultaneamente com a excitação.

Este envolvimento consciente prende-se com a recompensa obtida (intimidade emocional, compromisso, entre outros fatores) pela experiência em detrimento da excitação física, os quais funcionam como força motivacional. Até então, acreditava-se que o desejo surgia em primeiro lugar, dando depois origem à excitação.


Nestas situações, a pessoa não sente ainda o desejo sexual no momento em que se envolve com o parceiro, partindo sim de uma situação de neutralidade sexual, ou seja, o desejo só surge no decorrer do envolvimento e após o estímulo ou investimento do parceiro, sendo por isso responsivo. Este envolvimento, sendo mais deliberado do que espontâneo, permite um conjunto de recompensas que promovem a intimidade com o parceiro.

Isto não constitui um problema em si mesmo, desde que o casal compreenda a ocorrência desta dinâmica, tente lidar com ela de forma ajustada e não lhe provoque desconforto ou distanciamento. É importante conhecer este conceito de desejo responsivo e saber como o gerir. Os anos de relação, a falta de novidade e a rotina são inimigos do desejo sexual, contudo, não basta simplesmente usar isto como “desculpa” para o não envolvimento com o parceiro. Muito pelo contrário!

É importante promover-se a intimidade, sendo que, a intimidade não é um sinónimo de sexualidade, embora sejam conceitos muitas vezes utilizados como sinónimos. A intimidade é muito mais do que a sexualidade e nem sempre o sexo é o maior momento de intimidade de um casal. Por vezes, um jantar a dois pode ser um momento íntimo do casal, que o deixará mais disponível e predisposto para um posterior envolvimento sexual. É muito importante que o casal não se esqueça de promover os momentos de intimidade, já que eles potenciarão a sexualidade. De igual modo, a satisfação sexual fomentará a intimidade do casal. É, por isso, importante investir nas duas variáveis desta equação.


Como poderemos então potenciar a intimidade e a sexualidade?


1- procurar alternativas e não ficar à espera que o desejo simplesmente surja de forma espontânea, pois isso pode não acontecer ou acontecer com pouca frequência.

2- Devem ser criados momentos e espaços de intimidade para que o casal possa estar mais disponível para o envolvimento sexual. Sem esforço, além da diminuição do desejo sexual, poderemos ter também o desvanecer do amor e, quando este se perde, é quase sempre irrecuperável.

3- Quebrar a rotina de vez em quando é essencial

4- Preservar espaços do casal como por exemplo o quarto, não permitindo que os filhos durmam com os pais

5- Preocupação com o parceiro/a

6- Guardar tempo para “verdadeiramente estar com o outro”. Um jantar, um fim de semana, uma ida ao cinema, são uma opção para passar tempo com o outro;

7- Ser empático (empatia é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro); compreender e respeitar o outro são regras fundamentais.

8- Investir em si mesmo, o seu valor próprio é um forte atrativo

9- deixar tarefas domésticas e outros afazeres para mais tarde pois elas não são o mais importante

10- Pequenos gestos e surpresas são sempre bem-vindos.


Catarina Lucas - Psicóloga

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