Trago-vos hoje a letra de uma música, de Luísa Vidal, que me tem acompanhado nestes últimos tempos. Chama-se “Borboleta”:
Somos de aparências;
e ensinados a ser alegres todo o tempo;
e tristeza ninguém quer.
Não sabemos lidar com a fragilidade;
Escolhemos pensos rápidos, a encarar a verdade.
Compramos felicidade, não refletimos na dor;
Mas a nota amarrotada tem o mesmo valor.
Não temos de estar sempre bem; e está errado quem
Pensa que a larva vira borboleta num bater de asas.
Há processo a respeitar; não o ousemos nós romper;
No casulo a transformar o outro que se há-de erguer.
Quanto maior a queda; maior é o triunfo;
Dar a volta à tristeza, transformá-la num trunfo.
Sinto que esta música oferece uma poderosa reflexão sobre a natureza da experiência humana e a jornada de transformação emocional de cada um. A letra destaca uma pressão social para mantermos uma fachada de felicidade constante, enquanto ignoramos ou evitamos lidar com a nossa própria tristeza e fragilidade. Todos nós, em algum momento, passamos por momentos difíceis e enfrentamos desafios emocionais, mas muitas vezes optamos por esconder essas experiências por trás de uma máscara de felicidade. Porque o fazemos?
Talvez porque sentimos que as nossas quedas, as tristezas, as dores, fazem de nós menos inteiros, menos perfeitos, ou menos valiosos aos olhos dos outros? A música chama-nos a atenção para isso: “A nota amarrotada tem o mesmo valor”. Consigo reconhecer esse valor em mim? Consigo ver para além das minhas marcas, das minhas rugas, das minhas dores?
Finalmente temos a imagem da Borboleta. A Borboleta que, para se desenvolver, tem de passar por larva, ficar no casulo, maturar, e só depois chega ao seu esplendor de borboleta. A transformação pessoal e emocional requer tempo, paciência e respeito pelo processo. E eu, respeito o meu processo? O meu tempo?
Deixo o desafio de se questionarem sobre estas questões.
Como se encontram neste momento?
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