Raquel Carvalho

Este ano vou ser um pai melhor

Todos estamos habituados aos desejos ou resoluções de ano novo. Algumas pessoas fazem-no apenas por ser uma tradição da meia noite, outras fazem-no de forma mais reflexiva sobre o ano que terminou e projetam no ano novo os desejos e objetivos individuais, com vista a uma melhoria do seu bem estar nos vários contextos de vida.

Quantos de nós inclui nessas resoluções mudanças parentais e familiares? Sabendo que a parentalidade exige tanto de nós e que o dia a dia está sempre recheado de desafios familiares tão stressantes, proponho-lhe fazer uma reflexão sobre este ano que terminou:

- O que correu bem? Quais os momentos pelos quais está grato? Quais foram os momentos felizes?

- O que não correu como esperado? Como lidou com os imprevistos? O que aprendeu com os obstáculos?

- As suas expectativas e exigências como pai/mãe foram realistas?

- O que gostaria que melhorasse nas rotinas familiares?

- O que gostaria de melhorar como pai/mãe e na relação com o seu filho? Quais os seus pontos fortes e fracos?

Seguem-se algumas estratégias parentais. Quais considera que precisa de pôr em prática mais vezes no seu dia a dia?

- Brincar mais com o meu filho, dedicando-lhe atenção plena pelo menos 15 minutos por dia.

- Não desvalorizar, nem criticar o que o meu filho está a sentir. Mesmo que tenha dificuldade em compreender os motivos pelos quais se sente desconfortável, ou considere que ele está a exagerar.

- Evitar estar constantemente a chamá-lo a atenção, ignorando os pequenos comportamentos desadequados.

- Criar limites razoáveis, de forma firme e consistente, ao longo do tempo, entre o pai e a mãe, nas várias situações.

- Numa situação problemática, escutá-lo, sem o interromper, sem assumir o pior, sem fazer julgamentos, sem berrar.

- Respirar fundo várias vezes antes de reagir a um comportamento desadequado.

- Focar-me na solução em vez de sobrevalorizar o problema, compreendendo quais as necessidades do meu filho.

- Validar mais as emoções do meu filho (dizer que é normal o que está a sentir, confortar, partilhar experiências…). Tentar ver as coisas na perspectiva dele e empatizar mais.

- Confiar na minha capacidade para ser um bom pai. Não me martirizar quando as coisas não correm tão bem. Quando me sentir culpado, devo admitir o erro e explorar novas estratégias e pedir ajuda, se necessário.

- Cuidar de mim! Quanto melhor me sentir comigo mesmo, melhor modelo serei para o meu filho.

- Acreditar que nunca é demasiado tarde para fazer uma mudança positiva. Para obter algo novo é preciso fazer algo diferente.

Neste novo ano desafio-o a colocar em prática estas estratégias. Melhorando as suas práticas parentais, melhorará a sua relação com o seu filho que, por sua vez, crescerá mais equilibrado e feliz!

Caso tenha dificuldade em fazer com que estes ajustes sejam eficazes e duradouros e tem realmente necessidade e vontade de melhorar algumas dinâmicas familiares, considere recorrer a aconselhamento parental profissional, com quem poderá obter estratégias específicas para a sua família.

Raquel Carvalho

Psicóloga clínica infanto-juvenil

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