Catarina Lucas
Atualizado: 2 de set de 2021
Muitas vezes quando damos conta prosseguimos objectivos, tarefas ou sonhos que não são os nossos. Ou porque não nos apercebemos, não encontrámos os nossos próprios sonhos e foi mais fácil seguir o caminho ditado por outrem ou o ‘destino’, ou porque não tivemos coragem de desagradar aqueles que nos amam, muitas vezes os próprios pais, que nos indicam o ‘melhor’ caminho a seguir (acham eles).
E nós? Onde ficamos no meio dos agrados e desagrados dos outros? Se calhar perdidos, infelizes e frustrados numa vida que não foi a que escolhemos propriamente. É assim, que alguns pacientes me chegam a consulta. Algumas vezes, nem entendem õ porquê de ser tão difícil perseguir um objectivo, que à partida parece simples de atingir, mas falta a motivação, o interesse. Chega, por vezes, a um ponto em que dói lutar por algo, que afinal, chegamos à conclusão de que não é o que realmente querem fazer. A vida fica bloqueada, parada, num esforço incessante de finalizar uma tarefa que nos deixa miseravelmente infelizes.
Talvez o mais importante seja agradarmo-nos primeiro. Os filhos não são um prolongamento dos pais, nem uma projeção destes. São livres de fazer escolhas e seguir o caminho que desejam. Cada pessoa é livre de seguir os seus sonhos, de cair e se levantar, de desistir de algo que não o satisfaz. Desistir não é tarefa fácil, provavelmente não se desiste de algo importante sem reflexão, também envolve sofrimento, mas é preferível uma ‘dor de crescimento’ do que uma ‘dor crónica’ de insatisfação com a vida. Por isso, o processo de desistir não tem de ser visto como um ato de fragilidade, não se tem de lutar por algo que não nos traz bem-estar, essa é uma tarefa demasiado pesada.
Por isso mesmo, desistir é para os fortes!